REPORTAGEM DO SITE SRZD
Thaiane Silveira | 11/10/2011 23h29

Perguntados sobre a importância do documentário que conta a história das maiores bandas brasilienses dos anos 1980, Dado Villa-Lobos, ex-guitarrista da Legião Urbana diz que "é um registro de uma história que aconteceu há 30 anos", e lembra que Brasília ainda estava em formação, "resultado de tudo isso foram essas bandas todas que protagonizaram em algum momento a cultura musical brasileira e esse registro veio mostrar como tudo aconteceu", completa.
Já Philippe Seabra, o mais jovem da então "tchurma" de Renato Russo, lembra com animação que o filme foi premiado como melhor documentário no Festival de Paulínia e considera "uma história de superação". "Não existia nada, não existia mercado de música no Brasil, não tinha perspectiva, cultura, e olha o que essa galera de Brasília conseguiu fazer. É uma coisa que ressoa até hoje", lembra o guitarrista da Plebe Rude.

Para o, na época baterista da Legião Urbana, Marcelo Bonfá, o que as bandas de Brasília viveram foi muito intenso e "parecia um filme", o que inevitavelmente aconteceu.
Apesar do clima animado os ex-integrantes da Legião Urbana se mostraram visivelmente emocionados ao comentar sobre o ex-companheiro Renato Russo, morto há 15 anos. "Mas claramente se ele não tivesse partido estaria aqui no nosso lugar dando essa entrevista e falando com conhecimento de causa o que foi aquilo que aconteceu naquele momento em Brasília", afirmou Dado Villa-Lobos.
Apesar de tocados e conscientes de que o então líder da Legião Urbana se entregou a AIDS, Bonfá conta que eles continuam lutando, mesmo que Renato não tenha vencido.
Para os roqueiros de Brasília, sua música era "uma maneira de lutar" contra "o grande ‘não’ de Brasília, conta Seabra lembrando o período de repressão pelo qual o país passava. "Apanhava de polícia, apanhava de playboy", lembra o músico.
Divertido, Bonfá lembra que sofreu repressão até mesmo de seus pais, que o recriminaram quando a Legião Urbana deixou o palco no meio de um show catastrófico em Brasília.
Em um papo animado os músicos lembraram as boas histórias que viveram em Brasília nos anos 1980, retratadas no documentário de Vladimir Carvalho. Ele conta que, na verdade quem o pautou foi o próprio Renato Russo. "Eu li um texto onde havia uma citação do Renato Russo, ele dizendo quando perguntado porque registrava tudo: ‘pra um dia a gente contar a história do nosso grupo’", contou o diretor.

Durante a animada conversa, Philippe Seabra, que atualmente produz bandas independentes em Brasília, ainda fala sobre as bandas atuais. "Eu vejo as coisas mais legais vindo da periferia. A libido é o mesmo, mas parece que falta um pouquinho dessa iludição (das bandas dos anos 1980). Embasamento é bagagem, e o que acontece no rock brasileiro hoje em dia é só business", diz o músico.
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